Há uma série de relatos de naufrágios de navios nos tempos antigos, que levam muitos às caças de tesouros que ficaram submersos. Ora são joias, moedas e utensílios que alcançam boa soma de dinheiro no mercado.
Entretanto, entre tais relatos, o mais completo é este descrito por Lucas nos Atos dos Apóstolos. (caps. 27 e 28). O naufrágio não deixou bens materiais submersos, mas lições que permanecem até os nossos dias, e que podem ser aprendidas por todos.
Primeiramente, é um relato perfeito porque foi orientado por Deus. Lucas o escreveu deixando a mão do “Majestoso Historiador”, dirigir sua mão, e daí resultaram nestas informações impressionantes.
Há muitas lições. A que mais prende minha atenção é a carga que transporta o navio. Em princípio, 276 pessoas, das quais 3 são cristãs (Paulo, Lucas e Aristarco), trigo em abundância, e muitas outras mercadorias.
Em decorrência de forte tempestade e rajadas de ventos, a travessia tornou-se bastante perigosa, levando Paulo a alertá-los com estas palavras: “Senhores, vejo que a viagem vai ser com avaria e muita perda não só para a carga e o navio, mas também para as nossas vidas”. Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao dono do navio do que às coisas que Paulo dizia.
Deus estava no controle do navio, pois o anjo enviado a Paulo já havia informado de tudo, e confortado seu coração com as palavras “não temas”. Portanto, seria necessário tomar as medidas para aliviar a carga do navio. Não bastava repousar tranquilo. O centurião não deu crédito às palavras de Paulo, e descansou nas palavras do piloto e do dono da embarcação.
Quantas vezes damos mais crédito às pessoas que demonstram ter um bom conhecimento da situação, e deixamos Deus em segundo plano. Não é assim o que sucede com as nossas vidas?. Embora certos da presença de Deus, o conhecimento de sua Palavra, nas tormentas que vêm sobre nós procuramos orientações fora da vontade de Deus, e deixamos de tomar medidas com urgência. Precisamos lançar o excesso de bagagem que trazemos, e lançá-la para bem longe. Quanta bagagem que lamentamos ter de perder. Na embarcação narrada por Lucas o trigo era a melhor mercadoria, pois supria necessidades de muitas pessoas. E ela foi totalmente jogada ao mar.
Muitas vezes precisamos perder toda a “carga” que trazemos dentro de nós, inclusive a que mais estimamos e deixar Deus nos reduzir a nada, para que Ele possa nos usar como é seu desejo. Leiam com atenção o final da história: “Assim chegaram todos à terra salvos.” E mais adiante:“…e estes nos distinguiram com muitas honras; e, ao embarcarmos, puseram a bordo as coisas que nos eram necessárias.(28:10).
Uma embarcação perdida e uma carga jogada ao mar compensaram as vidas salvas naquela ilha, e o melhor, o nome de Deus foi glorificado.
Assim se dará conosco quando nos livrarmos do excesso de bagagem.
Que assim seja
Orlando Arraz Maz©