NICODEMOS
O HOMEM TRANSFORMADO
Era tarde da noite. Uma noite escura, tão escura quanto o coração de Nicodemos. Por mais que desejasse ir para cama, algo o impedia. Talvez receoso de ser visto pelos seus pares, ou querendo, na calada da noite, estar sozinho com o famoso Rabi. Mil pensamentos giravam em sua cabeça, qual torvelinho. Os milagres que vira, a transformação da água em vinho, os humildes pescadores de peixes, agora alunos do Mestre sendo ensinados a serem pescadores de almas… Quem poderia fazer tais coisas? Outros tentaram, mas sem sucesso, sem o carisma do Mestre em Israel. E com tais pensamentos, resoluto, foi à casa humilde onde se encontrava Jesus.
E sob a luz bruxuleante, talvez vinda do lampião, pode olhar nos olhos de Jesus e declarar-lhe suas convicções:
“Rabi, bem sabemos que és mestre vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não for com ele”
E que sinais teria visto Nicodemos ?
O milagre de Cana da Galiléia ?
A conversão de Natanael? ,
a transformação de rudes pescadores em pescadores de almas?
A alegria de André em contar ao seu irmão Pedro a grande descoberta?
E Nicodemos foi à procura de Jesus. O príncipe dos judeus e mestre em Israel, diante do Rei dos reis, aprendendo a mais notável lição do Mestre vindo dos céus que o transformou em nova criatura.
Bendita aquela noite.
Aos poucos as palavras de Jesus começaram a iluminar o coração de Nicodemos.
Em princípio pareciam tão difíceis, mas a habilidade do Mestre, sua paciência e o seu amor por Nicodemos levaram-no a entender o caminho do novo nascimento.
Nada de reencarnação, de outras vidas, de antigas purificações, e sim do nascimento da água, a bendita palavra de Jesus e do Espírito,
Quem sabe, ao despontar os primeiros raios de sol, Nicodemos resolveu partir, levando no coração a certeza de que Jesus não somente era o Mestre vindo da parte de Deus, mas sim o próprio Deus que veio habitar neste mundo como homem.
Agora Jesus era o seu Salvador.
E mais tarde, diante da controvérsia entre o povo e os religiosos, Nicodemos faz uso da palavra:
“Porventura condena a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?”(João 7:50)
Ah! se todos tivessem ouvido o que ouviu Nicodemos naquela noite.A noite de sua libertação.
Senhor, que eu seja tão corajoso quanto Nicodemos e que a dúvida não abale meu coração.
Dá-me coragem para procurá-lo mesmo tarde da noite e bater à sua porta desejando ouvir suas palavras e entende-las.
Não importa o que os outros falem ou pensem.
Eu quero resolver os problemas que tem machucado a minha alma. Que os teus “sinais” falem ao meu coração.
Dá-me coragem, Senhor, para vencer barreiras e preconceitos. Não permitas que a noite chegue e que eu a atravesse sem contemplar o amanhecer.
E entre na noite eterna sem conhecer-te como meu Salvador, o Salvador de Nicodemos.
Senhor crie em mim a persistência e o amor de Nicodemos.
Ele seguiu seu Salvador até à cruz.
Retirou-o da cruz.
Limpou suas feridas.
Enxugou o sangue do rosto que escorria pelo corpo.
Retirou com cuidado a coroa de espinhos.
E o banhou com a mistura de mirra e aloés.
Eu quero seguir-te Senhor. Leva-me até à cruz. Abra os meus olhos e me faças ver uma cruz sem um corpo ferido e morto.
Leva-me mais adiante, naquele jardim, e que eu veja um túmulo vazio.
E que entenda como Nicodemos que o Mestre vindo da parte de Deus é a ressurreição e a vida.
E que a noite dentro da minha alma dê lugar àquele que é a Luz do Mundo.
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