Uma reflexão sobre a vida de Pedro entre a negação e sua chamada para pastorear as ovelhas.
Muito se tem escrito sobre a vida de Pedro, ora ressaltando seus pontos fortes, ora os fracos.
Entretanto, tudo o que sabemos está inserido nas Sagradas Escrituras, e se além destas informações outras nos chegarem, devem ser totalmente desacreditadas.
Sem dúvida há uma grande curiosidade em descobrir detalhes de sua vida, mas o que o autor das Sagradas Escrituras, o Espirito Santo, quis que nós soubéssemos, foi revelado aos seus leitores.
Gostaria de meditar sobre o periodo que vai da negação até ao encontro de Pedro com Jesus à beira mar.
A trajetória de Pedro começou na última ceia, quando Jesus lavou os pés de seus discípulos.
Já era noite e Jesus saiu para o Jardim de Getsemani, também conhecido como Monte das Oliveiras, onde ocorreu a prisão, com a participacão de Pedro no ataque ao servo do sumo scerdote.
Pedro permaneceu ao lado de Jesus, mesmo sendo repreendido.
O evangelista Marcos escreve em seu evangelho que todos fugiram, mas o evangelista João afirma que ele e Pedro seguiram a Jesus. Mateus esclarece que Pedro seguia de longe, ambos em direção ao palácio do sumo sacerdote.
E lá ocorreram as tristes negações sobre a pessoa de Jesus. A primeira sendo interpelado pela porteira do palácio, depois por um dos presentes e por fim pelo servo do sumo sacerdote quando ouviu o cantar do galo, trazendo à sua lembrança as palavras ditas por Jesus que culminaram em lágrimas de arrependimento.
E Pedro desaparece do cenário bíblico até o majestoso dia da ressurreição.
Onde estivera durante a crucificação? João relata que ao pé da cruz estavam a mãe de Jesus, João, o discípulo amado, a tia de Jesus, Maria, a mulher de Clopas e Maria Madalena. E ao ser retirado da Cruz e levado ao túmulo, apenas José de Arimatéia e Nicodemos.
Neste curto período entre a retirada da Cruz e a ressurreição não sabemos onde estivera, mas que a noticia da ressurreição causou uma alegria extraordinária em Pedro, temos plena certeza pela sua corrida ao sepulcro, quando perdeu para João.
Lucas em seu evangelho, no cap. 24 vers. 34 esclarece:
“Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão.”
E o apóstolo Paulo, escrevendo sua primeira carta à igreja de Corinto (15:5), faz referência a tal encontro.
“Que apareceu a Cefas, e depois aos doze”.
Por certo, desejou Jesus convencê-lo de sua ressurreição e prepará-lo para a liderança que ele ocuparia mais tarde, e para lhe dar a certeza de perdão depois de suas negações.
Nada sabemos deste encontro secreto, mas sem dúvida Pedro foi plenamente restaurado. Não foi enxotado da presença de Jesus,mas recebido carinhosamente nos braços de seu Salvador amado.
Alguns dias depois encontramos Pedro em plena pescaria frustrada, e ao descobrir que Cristo estava na praia se atirou nas águas para chegar mais rápido que os demais, que permaneceram no barco.Nadou cerca de 90 metros,chegou com as forças exauridas, todo molhado, mas pode ver o rosto de Jesus refletido na luz do sol.
Desta vez João ficou para trás e Pedro chegou em primeiro lugar.
Lá estava o Cristo ressuscitado.
David Smith assim escreve:” O evangelho começa com a encarnação e termina com a ressurreição ; a encarnação é a união de Deus com a humanidade, e a ressurreição é a união da humanidade com Deus”.
E para que esta união fosse consolidada, naquela praia foi travado um dos diálogos mais emocionantes que encontro nas Escrituras.
Três vezes Jesus pergunta a Pedro: (João 21: 15 a 17)
“Simão,filho de Jonas, amas-me mais do que estes?”
E nesta ocasião ,à beira da praia, face às três perguntas, quem sabe lhe vem à mente as três negações, e na terceira vez sua resposta é enfática: “Senhor,tu sabes tudo, tu sabes que te amo” e não ousou dizer mais nada.
Quantas lições me trazem estas reflexões !:
1)Todos nós,de um jeito ou de outro temos desapontado a Jesus através de nossas palavras;
2) Jesus sempre vem à nossa procura desejando restabelecer a comunhão;
3) E se o amarmos como Pedro, podemos dizer-lhe: ” Senhor,tu sabes tudo,tu sabes que te amo”;
4) E ao confessarmos nossa negligência, ele nos abençoará com seu perdão.
Jesus sempre estará na “praia” para nos receber e confortar, com uma alimentação substancial por ele preparada.
Que tais reflexões aumentem nosso amor por este bendito Salvador.
Orlando Arraz Maz