Uma historia da minha infância:
Meu olhar estava atento para o flanelógrafo da professora. As figuras eram revestidas por uma flanela que aderiam ao quadro, e iam formando a história. Hoje as histórias são contadas nos modernos “data show”, e basta um click para mudar as imagens. Entretanto, nos tempos de minha infância as figuras eram coloridas, de papel com fundo enflanelado.
Neste dia a história era de Daniel na cova dos leões. Ainda moço foi levado preso de Jerusalém para a Babilônia, e entre os jovens cativos se destacou por seu temor a Deus, que lhe deu enorme sabedoria. E a professora colocou a figura do jovem Daniel com sua mala de viagem nas suas costas. Os anos se passaram e Daniel tornou-se um presidente respeitado de uma das províncias, cujo rei chamava-se Dario.
As crianças, como eu, estavam curiosas pelo desfecho da história. E a professora, segurando a próxima figura, mostrou Daniel ajoelhado em seu quarto orando a Deus. Ele não se curvava aos deuses daquela terra, e nem observava os decretos do rei que proibiam tal prática. A outra figura mostrava um grupo de homens movidos pela inveja. Eram os conselheiros do rei informando que Daniel desobedecia deliberadamente suas leis, e pediam sua punição, que era ser jogado na cova dos leões. Logo em seguida, a professora colocou mais uma figura no quadro, mostrando Daniel andando no meio dos leões. Notei que seu semblante era calmo, e nós, crianças, estávamos mais assustadas do que ele. A professora, neste ponto da história parece ter lido meu pensamento, e contou-nos que Deus estava com ele, animando e confortando seu coração.
Quase no fim da história, mais uma figura: o rei no alto da cova, com as mãos em forma de funil, gritando: “Daniel, servo de Elah, o Deus Vivo! Será que o teu Deus, a quem tu serves diariamente, pôde livrá-lo dos leões?”. E a nova figura nos mostrava Daniel respondendo lá do fundo da cova: “Ó caro rei! Vive para sempre! Eis que o meu Deus enviou o seu anjo, e este fechou a boca dos leões para que não me ferissem. Pois Elah, Deus, considerou-me inocente aos seus olhos…” Em seguida, a próxima figura nos mostrava um Daniel sorridente ao lado do rei.
Os anos se passaram e as crianças desta história envelheceram. Porém, “Daniel na cova dos leões” é sempre nova e continua a encantar crianças e adultos de hoje. Ela nos deixa uma lição preciosa: que nossa obediência a Deus esteja sempre em primeiro lugar sob quaisquer circunstâncias, por mais adversas que estas sejam. E Deus fará sempre o melhor, pois seu cuidado não falha. O salmista em um dos salmos, afirma:
“O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra. Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Salmo 34:7-8)
Daniel provou a fidelidade de Deus, viu de perto a morte, mas saiu ileso daquela cova. O impossível acontece quando obedecemos e confiamos nas providências de Deus.
Daniel honrou a Deus, e Deus por sua vez honra aqueles que lhe são fiéis.
Que assim seja
Orlando Arraz Maz