A Velhice
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Olavo Bilac
Há algum tempo li num site de relacionamento sobre um homem cuja idade já passava dos 50, querendo uma fórmula para esconder seus cabelos brancos. Ele não queria que os outros o vissem como um velho, com direito à fila de idosos, assento preferencial nos coletivos ou metrôs etc Confesso que fiquei estarrecido com tamanho pavor.
Num passado não muito distante esse medo era das mulheres, que providenciavam todos os meios para ocultar sua idade e para realçar sua beleza. Hoje encaramos com a maior naturalidade esse recurso, pois algumas realmente rejuvenescem e ficam mais bonitas.
Mas de uns tempos para cá os homens passaram a usar os mesmos recursos, o que não há nada de errado. Cabelos, maquiagem, unhas, tratamento de pele, e também se sentem rejuvenescidos.
O que há de estranho é usar tais recursos para esconder a idade que é uma dádiva de Deus. Os anos acumulados trazem experiências daqueles que uma vez erraram, e agora podem abrir os olhos dos que vêm atrás.
Por que esconder algo que está inserido em nosso corpo, que nos avisa a cada manhã que nossos recursos diminuem, nossas forças se esvaem e nosso andar se torna trôpego? Será que cabelos tingidos vão resolver tais contingências da vida? É como uma caiação numa parede descascada onde por mais que se apliquem retoques qualquer um vai enxergá-los.
O cabelo tingido pode ser comparado a uma vida manchada pelo pecado, inclinação latente em toda a pessoa para contrariar a vontade de Deus. Daí surgem as fórmulas de “tingimento” para camuflar a realidade.
Os bons modos, a educação, a religião, a honestidade, que não deixam de ser ótimos ingredientes, mas à luz da Palavra de Deus não passam de camuflagens baratas. O pecado vai estar sempre presente tal como o cabelo branco escondido pelo tingimento.
Por último, se você quiser continuar ocultando seus cabelos dando uma aparência jovial, tudo bem. Não há nada de errado. Mas não se envergonhe de ser idoso.
O que ninguém pode fazer é esconder o seu pecado, maquiá-lo da forma mais atraente, pois Deus o vê de qualquer forma.
Que assim seja
Orlando Arraz Maz