“Mas como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha”?
Quando leio este salmo, tento vislumbrar o panorama descrito pelo salmista. Parece-me um fim de tarde, o sol tentando se pôr, e de mansinho as nuvens brancas se retirando dos céus. Alguns homens, mulheres e crianças estão sentados à margem do rio, calados, pensativos,e facilmente se descobre que são judeus, longe dos campos de trigo, das terras outrora fartas.
Vejo juntamente com eles outro grupo de pessoas, sorrindo e despreocupadas, longe de problemas.São elas que oprimem os judeus e pedem para que cantem os salmos de Davi, de Asafe e de tantos outros compositores judeus.
Mas a voz não lhes sai da garganta e as harpas estão sem uso, suspensas nos salgueiros que cobrem o rio.
Que quadro mais sombrio e triste.
É difícil cantar as canções do Senhor em terra estranha, na presença de um povo cruel e sanguinário como os babilônios. Um povo que desconhecia a grandiosidade do Deus de Israel.
Quantas vezes me vejo à “beira de um rio”, no cair de uma tarde sombria, com meus pensamentos longe de Deus, distante das minhas origens. E cercado de “amigos” que me pedem uma canção, minha voz não saí da minha boca.
Lembro-me de Pedro, o discípulo impulsivo sentado entre os inimigos do Senhor. Lá estava ele numa “terra estranha”, sem poder contar as maravilhas de Jesus e falar dos seus grandes feitos. Outra não foi a saída, senão dizer bem alto que não conhecia o Galileu recentemente preso, na sala de julgamento.
O que fazer então na terra estranha? Primeiramente, jamais deveríamos ser levados para lá. Mas a nossa fraqueza e distância do Senhor permitiu que o inimigo nos tornasse cativos. Devemos fazer o que Pedro mais tarde fez: chorar amargamente,e arrependidos, buscar refúgio nos braços de Jesus, confessando nossa fraqueza e derrota e nunca mais sairmos da sua presença.
O cântico do Senhor jamais será entoado em terra estranha, pois seus ocupantes desconhecem os acordes dos céus.
Que o Senhor nos guarde, preservando nossas vidas e testemunhos dentro de seus limites, onde poderemos entoar o cântico dos remidos, lavados pelo sangue do Cordeiro.
“De Meditações nos Salmos”
Salmo 137:5
Orlando Arraz Maz