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Crônica do guarda – chuva

Dedicada a todos que abominam guarda-chuva

Caia uma chuva pesada lá pelas cinco da manhã. Acordei e passei  a pensar nas pessoas que saiam para o trabalho. As filas de ônibus e os metrôs lotados. Dormi novamente, pois era dia de minha folga e acordei lá pelas nove. A manhã estava ensolarada, um céu nublado, e não chovia mais.

 

Uma pequena cirurgia estava agendada para as duas da tarde, e lá por volta do meio dia e meia peguei meu carro, e o deixei num estacionamento perto de uma estação do metrô, caminhei três quadras e embarquei rumo à consulta. Aqui entra a alma desta crônica: meu guarda-chuva, que mais parecia um bordão de pastor. Estava comigo a contra gosto, pois por insistência de minha mulher fui constrangido a levá-lo. Minhas argumentações não foram suficientes para convencê-la se choveria,  muito menos a mim, que fiquei naquela dúvida, e se chover? Bem, lá estava eu no metrô com meu bastão. Somente eu com guarda-chuva, e mais ninguém. Tinha a sensação de deboche nos olhares das pessoas.

 

Ao descer na estação, passei a caminhar pela Avenida Paulista, e só eu com meu bastão, e um forte sol esquentando minha cabeça. E ninguém com guarda-chuva. Cheguei a pensar como seria bom cair um pé d’água, e ver toda essa gente correndo da chuva e se molhar dos pés à cabeça. Mas nada de chuva, e só eu com aquele monstro em minhas mãos. Bastante chateado e bravo com a sugestão de minha mulher, tomei o elevador e todos lá dentro sem guarda-chuva. Somente eu. Na sala de espera a mesma coisa.

 

No consultório, após a pequena cirurgia,  quase ia me esquecendo do danado. A médica olhou para mim, e eu cabisbaixo falei: “aposto que hoje não vou abrir esse guarda-chuva”, dei um sorriso amarelo, o pendurei em meu braço e percorri o mesmo caminho de volta. Mas chuva, nem pensar. Um céu cinzento e bastante iluminado e o sol quente doía. E no vai e vem da Paulista, só eu de guarda-chuva. No metrô, a cada estação que o trem parava ficava atento às pessoas: todas sequinhas, sinal de que lá no alto não chovia. Chegando numa estação, ao nível da rua, vi alguns pingos no trem e minha frustração começou dar lugar à alegria. Pensei: vai chover, que bom.

 

Chegou a minha parada, subi as escadas rolantes e meu potente bastão pendurado no meu braço. Ao atingir a rua, qual não foi minha alegria: chovia a cântaros. Olhei para ele, dei um sorriso maroto, e o abri com força. Lá estava eu triunfante sozinho pela calçada enquanto todos corriam da chuva.

 

Que alegria.

 

Orlando Arraz Maz


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