Nos meus anos de fé cristã tenho observado o comportamento de certas pessoas que, aflitas, tristes, temerosas, vão à procura de igrejas para pedirem a intercessão de Deus, ora pela cura de seus males ou de seus familiares, por emprego, por melhores condições de vida, e por tantas outras necessidades focadas apenas nesta vida.
Não se interessam em buscar a Deus por males da alma, necessidade de paz, novo coração, mais amor pelo próximo, assuntos por elas considerados de segunda classe. Portanto, deixam seus pedidos à espera de resultados, mas não desejam “mudar de religião”, nem de que seus filhos frequentem seus cultos. Desejam as bênçãos de Deus, e desprezam os que creem nesse Deus. São verdadeiros espertalhões.
Há alguns anos, após terminar os trabalhos evangelísticos daquele dia, fui procurado por uma senhora pedindo uma cesta básica. Fiz algumas perguntas, e no final ela me disse “meu marido não gosta de crentes”. Então, argumentei: “mas gosta das cestas básicas dos crentes”.
O quadro é o mesmo. Há muitas pessoas assim. Não gostam de “crentes”, mas apreciam as benesses que vem através deles: cestas básicas, chás de bebês, auxílios financeiros, compras de medicamentos e assim segue uma lista infindável.
Nos tempos de Jesus ocorria o mesmo.
Quando realizou o milagre dos cinco pães e dois peixinhos, alimentando quase cinco mil, no dia seguinte Jesus foi procurado tão somente por pessoas interessadas em alimentar-se de pães:
“E, achando-o no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes”. (Ev. de João 6:25,26).
Portanto, não é de hoje tal comportamento. São poucos os que aprendem a lição, que desejam fartar-se do alimento espiritual que nunca falta nos celeiros dos céus, saciar sua fome de Deus e depois aguardarem as demais coisas desta vida. Quando houver honestidade no coração de tais pessoas, buscando as bênçãos de Deus e desejando o Deus das bênçãos, o panorama será outro, com portas e janelas dos céus se abrindo em bênçãos incontáveis.
Que assim seja
©Orlando Arraz Maz