O tema da carta de Paulo aos Romanos é “O Evangelho de Deus”. E com este tema no coração, Paulo inicia uma das cartas mais profundas do Novo Testamento. Ela é diferente de todas as demais, pois trata de verdades fundamentais à fé cristã, originadas na pregação do Evangelho.
O começo de tudo é o Evangelho. Quando a boa semente da Palavra – o Evangelho – é lançada no coração e frutifica, o poder de Deus se manifesta e uma nova vida desponta.
Paulo conhecia muito bem tal processo. A voz de Cristo glorificado ecoou em seus ouvidos e calou fundo em seu coração na estrada de Damasco e, ao levantar-se, era um novo homem. O poder de Deus se instalara em sua vida, e a partir daquele dia Paulo tornou-se um verdadeiro arauto do Senhor Jesus.
Conhecia, finalmente, o poder de Deus revelado no Evangelho. Só o poder de Deus podia implodir aquele coração, reduzi-lo a escombros, e num piscar de olhos, colocar em seu lugar um coração de carne. O milagre do Evangelho!
Até então, Paulo conhecia o poder da religião, das autoridades, da violência, da calúnia, da maldade, enfim, conhecia o poder das trevas!
Uma vez prostrado na estrada de Damasco, conheceu o poder que vinha do céu e que o transformou em um novo homem.
E ninguém melhor do que Paulo para falar deste Evangelho, que é poder de Deus.
Ao escrever sua carta aos cristãos de Roma, muitos dos quais conhecia apenas por nomes, deseja escrever-lhes sobre o Evangelho de Deus, contar-lhes porque não se envergonha deste Evangelho, uma vez que nele encontrara a paz para o seu coração.
Talvez muitos novos cristãos se envergonhassem da cruz, considerada loucura para muitos, Paulo desejava animá-los contando-lhes sua própria experiência. Não me envergonho do Evangelho, pois tenho motivos para tanto. Querem saber por que? : ele é o poder de Deus para salvação e não há limites nesse poder. Aquele que fez este universo, o sol, a lua, as estrelas, também preparou uma tão grande salvação (Hebreus 2.3).
A obra prima de Deus – a salvação – teve seu planejamento na eternidade e, porque é “poder”, desceu dos céus e se concretizou aqui na terra cumprindo seu propósito de restaurar o homem perdido. E Paulo podia escrever-lhes com bastante conhecimento, pois este poder o restaurou por toda a eternidade.
Paulo, ainda pode contar-lhes que este poder não discrimina as pessoas. Não as seleciona como fazemos com as frutas — boas e ruins -, esse poder atinge “todo aquele que crê”, não vê raça, cor, posição social. Vê tão somente um coração carente, empedernido.
Como é confortador saber que há um Evangelho que deseja alcançar toda a raça humana, sem qualquer discriminação. Tanto na sociedade corrupta do primeiro século, como na sociedade do século 21, onde a discriminação permanece (brancos e negros, ricos e pobres).
O Evangelho anunciado por Paulo é poder. É vida. É dinâmico. Enquanto que outros “evangelhos” são anunciados como verdadeiras mensagens mortas, desprovidas de poder, Paulo declara com entusiasmo que seu Evangelho é do céu, que chama os homens das trevas para a luz, do poder de Satanás para o “reino do Filho de Deus”.
E, desta forma, Paulo envia sua carta aos cristãos de Roma com a finalidade de encorajá-los a propagarem esse Evangelho, apresentando a justiça de Deus segundo o princípio da fé.
Diante de tanto empenho da parte de Paulo e de toda a sua coragem em desfraldar a bandeira do Evangelho, resta-nos um exame introspectivo: Como tem sido nossa atuação para com o Evangelho? Temo-lo encarado com certa leviandade, uma vez que já nos apropriamos dele, somos salvos e isto nos basta? Quedamo-nos em nossas igrejas e nos limitamos a anunciá-lo aos perdidos do alto da plataforma?
Muitas vezes o fracasso ronda as mensagens evangelísticas porque falta convicção plena de que o Evangelho é “poder”. Outros se escondem e se omitem, como que envergonhados e desanimados. A mensagem que pregam já sai sem vida!
Que tal nos inspirar nas lições do apóstolo? Transformar nossas mensagens em verdadeiros desafios ao pecador? Falar de Cristo com plena convicção em todos os lugares (não só do púlpito) e sem qualquer constrangimento?
Quando o pecador ouvir a mensagem do Evangelho pregado com intrepidez, com convicção e, sobretudo, com a unção do alto, o poder de Deus para a salvação vai agir eficazmente, tal qual naquele dia agiu no coração de Paulo.
Que assim seja
Orlando Arraz Maz©