É bastante comum encontrar uma criança segurando seu brinquedo e dizer: é meu. E se alguém tentar tirá-lo, ela vai dizer bem alto: é meu.
Embora adultos se comportem diferentemente de crianças, usam a mesma linguagem: isto é meu, aquilo é meu; consegui com meu esforço, meu trabalho, minha inteligência, e assim por diante centenas de vezes.
Corremos o risco de sermos taxados de possessivos, ou de sermos apontados por alguém de inconvenientes. E assim, disfarçamos um pouco nossos pronomes possessivos.
Olhando para este salmo descobrimos Davi como alguém deveras possessivo. Não uma possessão exaltando sua capacidade, seus méritos, seus dotes, sua sabedoria. Mas uma possessão adquirida fruto de sua experiência com Deus.
Nada tinha Davi para exaltar-se na presença de Deus. Possuía uma voz abafada, daí clamar; uma força inexistente, daí a força do Senhor; um escudo sem valia, um socorro ineficaz e um coração vacilante.
Devemos reconhecer que somos iguais a Davi sem quaisquer méritos, e que nossos pronomes possessivos precisam ser mudados com urgência.
Ao ser ouvido por Deus, Davi podia dizer: “o Senhor é a minha força”, “meu escudo”, “meu coração confia”, “nele fui socorrido”, “meu coração exulta” e “com meu cântico o louvarei”.
Deixemos de lado nossos pronomes possessivos que nos exaltam, e que tenhamos experiências com Deus, deixando nossas vidas em suas mãos, e entendendo que ao chegar aos seus pés, trazíamos uma voz abafada, uma força exaurida, um escudo de papelão, um socorro fraco e um coração de pedra.
Bendito o dia que Ele ouviu nossa voz súplice, e hoje, tudo o que temos e o que somos, é mérito de Deus na pessoa de Cristo.
“Minha possessão eterna, mais que a vida, mais que o amor, mais que tudo que conheço, és meu Deus, meu Salvador” (HC 292)
Enchamos nossas bocas com as obras de Deus, e ao usarmos os pronomes possessivos, que os usemos para engrandecê-lo.
A obra que Ele fez em minha vida é digna de um cântico de louvor, por isso o meu coração exulta.
Que assim seja
Orlando Arraz Maz