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Quando é impossível cantar

 

“Mas como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha?
Salmo 137:5

 

Quando leio este salmo uma imagem triste vem à minha mente. Sugere um fim de tarde, o sol se pondo, e de mansinho as nuvens brancas se retirando dos céus. Homens, mulheres e crianças estão sentados à margem do rio, calados, pensativos. Facilmente se descobre que são judeus, longe dos campos de trigo, das terras outrora fartas, dominados por um povo estranho.
Mais além há um outro grupo de pessoas sorrindo e despreocupadas, longe de problemas. São os que oprimem os judeus e que pedem para que cantem os salmos de Davi, de Asafe,compositores judeus.
Mas a voz não lhes sai da garganta e as harpas estão sem uso, suspensas nos salgueiros que cobrem o rio. Que quadro mais sombrio e triste.
É difícil cantar as canções do Senhor em terra estranha, inimiga, na presença de um povo cruel e sanguinário como os babilônios. Um povo que desconhecia a grandiosidade do Deus de Israel.
Quantas vezes podemos nos encontrar à “beira de um rio”, ao cair de uma tarde com nossos pensamentos longe de Deus, distante das nossas origens. E cercado de “amigos” que nos pedem uma canção, nossa voz não sai.
Naquela noite fria, Pedro, o discípulo impulsivo estava sentado entre os inimigos de Jesus. Estava numa “terra estranha”, sem poder contar as maravilhas de seu Mestre e seus grandes feitos. Outra não foi a saída, senão dizer bem alto que não conhecia o Galileu recentemente preso, na sala do julgamento.
O que fazer então em uma terra estranha? Primeiramente, jamais deveríamos  estar  lá. Mas a nossa fraqueza e distância do Senhor permitiu que o inimigo nos tornasse cativos. Então devemos fazer o que Pedro fez: chorar amargamente, e arrependidos, buscar refúgio nos braços de Jesus. Confessar nossa fraqueza, nossa derrota e nunca mais sairmos da sua presença.
O cântico do Senhor jamais será entoado em terra estranha, pois seus ocupantes não conhecem os acordes dos céus.
Que o Senhor nos guarde preservando nossas vidas e testemunho dentro de seus limites, onde podemos entoar o cântico dos remidos, lavados pelo sangue do Cordeiro.
Que assim seja
Orlando Arraz Maz
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