“Desde o fim da terra clamo a ti, por estar abatido o meu coração;
leva-me para a rocha que é mais alta do que eu” (Salmos 61:2)
Este salmo é de inestimável valor quanto uma joia rara. É superior às usadas nas coroas de reis e rainhas. Foi escrito por Davi e cantado por ele com seu instrumento de cordas que tanto amava, provavelmente à época de perder o trono para seu filho Absalão, um tempo de conturbação e medo. Seu coração estava abatido.
Assim se dá conosco em tempos de tristeza, quando somos açoitados por vendavais sem controle. Quando recebemos uma notícia de alguém que amamos e que nos deixou, ou do conhecimento de uma doença incurável que nos leva à morte prematura. Então, nos abatemos.
Estamos vivendo dias assustadores, onde as notícias nos chegam quais enxurradas, dando-nos conta de que a pandemia alcançou níveis estratosféricos. Hospitais lotados, carência de recursos, e pessoas de todas as classes e idades morrendo, umas bem adultas, outras na flor dos seus anos.
E com razão, trazem seus corações abatidos. Muitas se desesperam e buscam respostas para seus questionamentos, ora culpando a Deus ou as autoridades responsáveis.
Davi resolveu clamar ao Senhor ainda que estivesse no fim do mundo, pois nada adiantaria procurar ajuda de seus conselheiros. Este deve ser o primeiro passo dado em tempos de corações abatidos. Ninguém, por melhor amigo que seja, poderá aliviar a dor de um coração abatido.
Davi se sente pequenino e olha ao seu redor e vê montanhas gigantescas. Tal era o cenário de Jerusalém, uma cidade de montes escarpados. Então, clama a Deus para levá-lo à rocha bem mais alta do que ele. Sabia da sua fragilidade, e assim, nada melhor deixar-se levar pelas mãos de Deus. Lá estava sua esperança. Em outro salmo expressa sua confiança: “Guarda-me, ó Deus, porque em ti confio. A minha alma disse ao Senhor: Tu és o meu Senhor; não tenho outro bem além de ti” (Salmos 16:1-2)
Davi reconhecia que a rocha era o lugar de segurança.
Então, essa rocha permanece à nossa frente em tempos de lágrimas, quando a nossa fraqueza é reconhecida. A Rocha é o Senhor Jesus, o lugar mais elevado e seguro. Assim, quando mais nada estiver ao alcance dos recursos humanos, Jesus é o lugar ideal onde seus braços nos sustentam. Nossa oração deve levar-nos à nossa total incapacidade, e clamar: “erga-me quando não puder andar; faça por mim o que está além do que posso fazer”. Mais elevado do que nossos esforços é o Senhor Jesus, a rocha daqueles que nele confiam.
Davi tem plena certeza de que Deus é sua rocha. Veja o que escreve em outro salmo: “Sê tu a minha habitação forte, à qual possa recorrer continuamente: deste um mandamento que me salva, pois tu és a minha rocha e a minha fortaleza”. (Salmos 71:3)
Por fim, diante do medo que esta pandemia nos causa, é tempo de buscarmos refúgio na Rocha que é o Senhor Jesus, e só ele trará calma e conforto aos nossos corações.
Davi buscou refúgio na rocha mais alta do que ele, mais alta do que seus problemas, mais altas que suas lágrimas, e lá permaneceu em segurança.
Que haja sinceridade em nosso coração e que o tenhamos aberto para clamar por socorro, pois ele está à disposição para nos abrigar em tempos de aflição, dor e lágrimas.
Que assim seja.
Orlando Arraz Maz©