“Perguntaram-lhe, pois: Como te foram abertos os olhos? Respondeu ele: O homem chamado Jesus fez lodo, untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé e lava-te. Então fui, lavei-me e estou vendo” (Ev. João 9:10,11)
Aquele que é a luz do mundo, dá luz aos olhos do cego, que desde nascença vive mergulhado na mais profunda escuridão. E para a realização deste grandioso milagre, fez uso de sua saliva, misturando-a ao pó da terra e untando aqueles olhos sem vida.
Muitos têm objetado o método utilizado por Jesus, salientando que ele podia apenas usar uma palavra ou colocar suas mãos sobre os olhos do cego. Entretanto, através de cada milagre, Deus nos envia lições espirituais para que possamos crescer em nossa fé.
A saliva misturada na terra lembra a criação do homem no Jardim do Éden. O pó da terra serviu de matéria prima para sua formação. E ao soprar nas suas narinas, Deus lhe passou o fôlego de vida. Num piscar de olhos o que era inanimado passou a ser alma vivente. E ao morrer, voltará a ser pó. “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7)
O mesmo processo foi usado para dar vida aos olhos do cego. E a lição que podemos tirar, quer no milagre da criação, quer no milagre da nova visão, é que Deus usa coisas vis e sem valor, com a finalidade de nos transmitir lições valiosas. Por exemplo, do barro fez o homem que deveria viver para honrar o seu criador, sem pecado, mas que se perdeu, deixando que o pecado lhe cegassem os olhos. A visão de um Deus bondoso, que ao cair da tarde vinha visitar aquele casal até então feliz, perdeu-se totalmente. Somente o olhar da fé poderia restaurar a visão perdida.
Jesus, naquele dia memorável, da saliva misturada ao pó, operou dois milagres ao mesmo tempo: a visão natural tão necessária e ao mesmo tempo tão desejada, e a visão espiritual, a mesma que foi perdida no Éden.
Agora, o cego podia declarar: “…Se é pecador não sei; uma coisa sei: eu era cego e agora vejo”. Com a visão espiritual adorou ao seu Senhor e passou a crer nele.
Hoje Cristo realiza o mesmo milagre, abrindo os olhos dos que já nasceram cegos pelo pecado. E o meio pelo qual opera tão majestoso milagre é a cruz onde morreu pelos pecadores. A cruz, um objeto tão asqueroso como a saliva, e tão desprezível, pode transmitir vida e visão para os cegos, permitindo-lhes que contemplem um Salvador singular. Basta que aceitem sua condição de cegos e confessem a Cristo como Salvador.
Quando pela fé temos a visão restaurada, a paz preenche o vazio do nosso coração porque passamos a contemplar um Salvador que veio “ para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos e a apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lucas 4:18,19).
Que possamos declarar a todos com alegria: “uma coisa sei: eu era cego e agora vejo”.
Que assim seja
©Orlando Arraz Maz